domingo, 14 de agosto de 2011

À ele, I need you...

Briguei feio com meu pai. Fiquei magoada. Discutimos algumas vezes, alteramos a voz em tantas outras. A última vez foi diferente. Prometi para mim mesma que ficaria calada. Quando um não quer, dois não discutem. Não consegui. Agimos igualmente durante a briga.

Começou dentro do carro, terminou comigo aos prantos de raiva. Ele falou o que não devia. Eu falei o que não devia. Fechamos semanas sem trocar uma simples palavra ou um olhar esperançoso. Gênios idênticos, orgulhosos como tais.

Não inclui minha mãe na discussão. Ela não entendia muito bem o motivo da briga. “Quer saber de alguma coisa pergunta para ele. Eu não tenho nada a ver com isso”. Fiquei sem saber de algumas coisas pelo simples fato de não querer dirigir a palavra a ele. Encontrei um álbum de figurinhas do Campeonato Brasileiro 2011. Queria saber de onde ele tinha saído. Até agora não sei.
Tomei banhos de chuva na rua. Ele teria me levado para onde eu queria ir. Chorei em alguns momentos, simplesmente silenciei em tantos outros.

O Dia dos Pais estava próximo. Decidi que não compraria nada, mas passaria o dia com os pais da família. Pensei em até mesmo ignorar um falso abraço. A situação tornou-se incômoda demais, porém não encontrava soluções. Um simples pedido de desculpa não arrumaria tudo nos devidos lugares.

Como sempre foi, está sendo e sempre será, nos entendemos. Hoje mesmo, à noitinha. Poucas horas antes de eu iniciar este texto. Acabei comprando um presente, é claro. Foi um porta-retrato bonito com dizeres de família. Família de um filho só. Família de muitos filhos. Família que a gente adota. Tudo isso pelo meu pai ser um homem que tem cinco filhos. Três de sangue, dois de coração.

Hoje é domingo. O domingo já é, naturalmente, desagradável. Achei que o domingo dos pais também seria assim. Foi o que pensei ao acordar. Ele se aproximou. Eu deixei que ele se aproximasse. Mostrou aquela gentileza envergonhada que só ele tem. Deixei o presente na mesa do escritório. Agradeceu com um abraço, gostou e, sutilmente, disse. “Família não briga, minha filha. Muito menos eu e tu”.

Ao homem que me ensina, dia após dia, a melhor forma de se viver. Ao amigo que todos deviam ter, que me conta histórias e que escuta as minhas com atenção. Ao pai que amo, incondicionalmente, e que, sem dúvida nenhuma, não enxergo minha vida sem ele.

E ao finalizar este texto, escuto I Need You, canção de nossos mestres. Love you all the time, never leave you.

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